Tipos de neurônios



Quer saber que tipos de neurônios nós temos e que papel eles desempenham no nosso sistema nervoso central?

É comum se referir aos neurônios como as unidades básicas que, juntas, formam o sistema nervoso e estabelecem o funcionamento do cérebro.

Na verdade, não existe apenas uma classe dessas estruturas microscópicas: existem muitos tipos de neurônios e com diferentes características, classificações e funções.

Tipos de neurônios existentes.

Diversidade dos Neurônios

O corpo humano é composto por uma quantidade enorme de células, chegando a trilhões. Uma grande parte das células do sistema nervoso são as células da glia, que na verdade são as mais abundantes em nosso cérebro, e que curiosamente, tendemos a não mencioná-la com tanta frequência.

O resto da diversidade corresponde aos chamados neurônios. Os neurônios são células nervosas que recebem e emitem sinais elétricos e, que estão interconectadas, formando redes de comunicação que transmitem sinais através de diferentes áreas do sistema nervoso por meio de impulsos nervosos.

O cérebro humano possui aproximadamente 86 ou 100 bilhões de neurônios. Essas intermináveis redes neurais são responsáveis por realizar as várias funções complexas do sistema nervoso, ou seja, essas funções não são uma consequência das características específicas de cada neurônio individual.

E como há tantas coisas para fazer no sistema nervoso, o funcionamento de diferentes partes do cérebro é complexo, sendo que essas células nervosas também precisam se adaptar a essa multiplicidade de tarefas. E como isso acontece? Essas células acabam se dividindo e se especializando em diferentes tipos de neurônios.

Estrutura do neurônio

Quando pensamos no cérebro, a imagem dos neurônios vem à mente. Mas nem todos os neurônios são iguais porque existem tipos diferentes. Agora, em geral, sua estrutura é composta das seguintes partes:

Soma: O soma, também chamado de pericário, é o corpo celular do neurônio. É onde o núcleo é encontrado, e a partir do qual nascem dois tipos de extensões.

Dendritos: extensões que vêm do soma e se parecem com galhos ou pontas. Eles recebem informações de outras células e são prolongamentos numerosos dos neurônios que atuam na recepção de estímulos nervosos.

Axônio: é uma estrutura alongada que parte do soma. Sua função é dirigir um impulso nervoso do soma para outro neurônio, músculo ou glândula do corpo. Os axônios são geralmente cobertos com mielina, uma substância que permite um movimento mais rápido do impulso nervoso. É responsável pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular, até outro local mais distante.

Uma das partes em que o axônio é dividido e que é responsável pela transmissão do sinal para outros neurônios, também a parte final do axônio, chamada de terminal axonal é chamada de botão terminal. A informação que passa de um neurônio para outro é transmitida através da sinapse, que é a junção entre os botões terminais do neurônio emissor e o dendrito da célula receptora.

Os tipos de neurônios

Depois de entender e saber o que é neurônio, para que ele serve e conhecer um pouco mais sobre a sua própria estrutura, podemos conhecer os seus vários tipos diferentes. Atualmente, acredita-se que o cérebro humano tenha 16 tipos diferentes de neurônios. No entanto, existem diferentes maneiras de classificar os neurônios porque eles podem ser classificados com base em critérios diferentes.

De acordo com a transmissão do impulso nervoso

Segundo essa classificação, existem dois tipos de neurônios:

Neurônio pré-sináptico: a união entre dois neurônios é a sinapse. Já o neurônio pré-sináptico é responsável por se tornar o neurotransmissor que contém e libera o espaço sináptico para passar para outro neurônio. Além disso, também possui dois tipos de estruturas internas que são responsáveis por fornecer a função inibitória ou excitatória da sinapse, que são as vesículas transmissoras, que contém os neurotransmissores, e a mitocôndria, que disponibiliza energia necessária para sintetizar novas moléculas de neurotransmissores.

Neurônio pós-sináptico: formadas por combinação de várias subunidades, na junção sináptica, este é o neurônio que recebe o neurotransmissor.

De acordo com a sua função

Os neurônios podem ter diferentes funções dentro do nosso sistema nervoso central, é por isso que eles podem ser classificados de varias formas, como a que apresentamos abaixo:

Neurônios sensitivos: também conhecidos como neurônios aferentes, são neurônios que convertem um tipo específico de estímulo, como o gelo como frio, via seus receptores, em potenciais de ação ou potenciais graduados. Este processo é chamado de transdução sensorial. Os corpos celulares dos neurônios sensoriais estão localizados nos gânglios dorsais da medula espinhal.

Neurônios motores: Um neurônio motor ou motoneurônio é um neurônio cujo corpo celular está localizado no córtex motor, no tronco cerebral ou na medula espinhal e cujo axônio (fibra) se projeta para a medula espinhal ou fora da medula espinhal para controlar direta ou indiretamente os órgãos efetores principalmente músculos e glândulas.

Interneurônios: também conhecido como neurônio relay, neurônio de associação, ou neurônio de circuito local, conecta-se com outros neurônios, mas nunca com receptores sensoriais ou fibras musculares. É responsável por realizar funções mais complexas e atua em atos reflexos.

De acordo com a direção do impulso nervoso

Dependendo da direção do impulso nervoso, os neurônios podem ser de dois tipos:

Neurônios aferentes: este tipo de neurônios são neurônios sensoriais. Eles recebem esse nome porque transportam o impulso nervoso dos receptores ou órgãos sensoriais para o sistema nervoso central .

Neurônios eferentes: esses são os neurônios motores. Eles são chamados de neurônios eferentes porque transportam impulsos nervosos do sistema nervoso central para efetores, como glândulas ou músculos.

De acordo com o tipo de sinapse

Dependendo do tipo de sinapse, podemos encontrar dois tipos de neurônios: neurônios excitatórios e inibitórios. Mais da metade ou cerca de 80% dos neurônios são excitatórios. A maioria dos neurônios tem milhares de sinapses em suas membranas, e centenas delas estão ativas de forma simultânea.

Uma sinapse é do tipo excitatória ou inibitória depende do tipo ou tipos de íons que são canalizados para os fluxos pós-sinápticos, que dependem do tipo de receptor e neurotransmissor envolvido na sinapse, por exemplo, GABA ou glutamato.

Neurônios excitatórios: são aqueles em que o resultado das sinapses provoca uma resposta excitatória, isto é, aumenta a possibilidade de produzir um potencial de ação. Portanto, liberam, por exemplo, neurotransmissores glutamatérgicos que se ligam a receptores nos neurônios pós-sinápticos e desencadeiam uma mudança positiva no potencial de membrana naquele neurônio.

Neurônios inibitórios: são aqueles em que o resultado dessas sinapses causam uma resposta inibitória, isto é, que reduz a possibilidade de produzir um potencial de ação. Quando ativados, os neurônios inibitórios liberam o neurotransmissor GABA, que é conhecido por hiperpolarizar os neurônios pós-sinápticos, isto é, faz o potencial de membrana mais negativo, tornando mais difícil para o neurônio atingir o limiar para desencadear um potencial de ação, causando assim a inibição.

O GABA é o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central.

Neurônios moduladores: alguns neurotransmissores podem desempenhar um papel na transmissão sináptica, além de excitatórios e inibitórios, porque não geram um sinal de transmissão, mas sim o regulam. Esses neurotransmissores são conhecidos como neuromoduladores e sua função é modular a resposta da célula a um neurotransmissor principal. Eles geralmente estabelecem sinapses axoaxonais e seus principais neurotransmissores são dopamina, serotonina e acetilcolina.

De acordo com o neurotransmissor

Dependendo do neurotransmissor que os neurônios liberam, eles são conhecidos como:

Neurônios serotoninérgicos: com múltiplas funções em todo o sistema nervoso central, esse tipo de neurônio transmite o neurotransmisso serotonina que está relacionado, entre outras coisas, com o estado de espírito.

Neurônios dopaminérgicos: os neurônios dopaminérgicos desempenham um papel na aprendizagem associativa apetitiva e aversiva e são responsáveis por transmitirem a dopamina. É um neurotransmissor relacionado ao comportamento aditivo.

Neurónios GABAérgicos: o GABA é o principal neurotransmissor inibitório. Os neurônios gabaérgicos transmitem o GABA. Os neurônios GABA e os seus proprios receptores são elementos conspícuos da organização cortical cerebral. Eles servem para moldar as propriedades de estímulo-resposta dos neurônios nas áreas sensoriais e, sem dúvida, desempenham um papel comparável também nas áreas não sensoriais.

Neurônios glutamatérgicos: estes tipos de neurônios possibilitam a transmissão do glutamato, sendo o principal neurotransmissor excitatório.

Neurônios colinérgicos: de papel importante no sistema nervoso central, esses neurônios transmitem acetilcolina. Entre muitas outras funções, a acetilcolina desempenha um papel importante na memória de curto prazo e na aprendizagem.

A acetilcolina foi o primeiro neurotransmissor descoberto.

Neurônios noradrenérgicos: esses neurônios são responsáveis pela transmissão da Noradrenalina, uma catecolamina de dupla função, como hormônio e neurotransmissor.

Neurônios vasopresinérgicos: esses neurônios são responsáveis pela transmissão da vasopressina, também chamada de substância química da monogamia ou fidelidade.

Neurônios oxitocinérgicos: eles transmitem oxitocina, outro neuroquímico relacionado ao amor. Recebe o nome de hormônio dos abraços.

De acordo com sua morfologia externa

De acordo com o número de extensões que os neurônios têm, eles são classificados como:

Neurônios unipolares: também conhecido como pseudounipolares que possuem uma única extensão de duplo sentido que deixa o soma, e que atua tanto como um dendrito quanto como um axônio. Eles são geralmente neurônios sensoriais, isto é, aferentes. Portanto, possuem apenas um axônio.

Neurônios bipolares: eles têm duas extensões citoplasmáticas, que são extensões que deixam o soma. Um atua como um dendrito de entrada e outro atua como um axônio, que funciona como uma saída. Eles geralmente estão localizados na retina, cóclea, vestíbulo e mucosa olfativa.

Neurônios multipolares: eles são os mais abundantes no nosso sistema nervoso central. Eles possuem um grande número de extensões de entrada, conhecido como dendrito e uma única saída, axônio. Eles são encontrados no cérebro ou na medula espinhal.

Outros tipos de neurônios

Dependendo da localização dos neurônios e de acordo com sua forma, eles também podem ser classificados como:

Neurônios espelho: esses neurônios são ativados ao realizar uma ação ou quando é possível ver outra pessoa realizando uma. Eles são indispensáveis para aprender e imitar.

Neurônios piramidais: estão localizados no córtex cerebral, no hipocampo e no corpo da amígdala. Têm uma forma triangular, sendo por isso que eles recebem esse nome.

Neurônios de Purkinje: eles são encontrados no cerebelo, e eles são chamados por esse nome porque seu descobridor foi o médico Jan Evangelista Purkyne. Esses neurônios se ramificam construindo uma intrincada árvore dendrítica e estão alinhados como peças de dominó colocadas uma em frente à outra.

Neurônios da retina: eles são um tipo de neurônio receptivo que recebe sinais da retina nos olhos.

Neurônios olfativos: são neurônios que enviam seus dendritos para o epitélio olfatório, onde contêm proteínas, receptores que recebem informações de odores. Seus axônios não mielinizados fazem sinapse no bulbo olfatório do cérebro.

Neurônios cesta: estes contêm uma única grande árvore dendrítica apical, que se ramifica em uma cesta. Neurônios na cesta são encontrados no hipocampo ou no cerebelo.

Informações adicionais

Como podemos perceber, é possível encontrar em nosso sistema nervoso uma grande diversidade de tipos de neurônios que se adaptam e se especializam de acordo com suas funções, de modo que todos os processos mentais e fisiológicos possam ser desenvolvidos em tempo real e sem quaisquer contratempos.

O encéfalo, conjunto do tronco cerebral, cerebelo e cérebro, parte superior do sistema nervoso central que controla o organismo é uma máquina bastante lubrificada, precisamente porque tanto as classes de neurônios quanto as partes do cérebro desempenham muito bem as funções às quais elas procuram se adaptar, embora isso possa ser uma dor de cabeça quando se trata de estudá-las e entendê-las com bastante precisão.

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